Foi lendo este trecho de um dos romances de José de Alencar que me saltou à mente a parábola: que é a felicidade é como uma ilha paradisíaca admirada e desejada de longe por um marujo exausto de tantas viagens e quanto mais a deseja mais a vê afastar-se até que só reste a esperança de uma nova oportunidade.
À que se destinam todos os esforços e toda existência humana se não à busca da felicidade? A felicidade é o fim principal – e talvez único – de toda atividade humana. Por ela homens e mulheres trabalham arduamente dia e noite, pois esperam que o resultado de tamanho esforço lhes traga felicidade. É por ela também, que casais decidem partilhar suas vidas. Que religião não promete aos seus fiéis a felicidade como resultado de sua fidelidade? Todavia, irônica e tragicamente, o resultado tem sido contrário: nunca se trabalhou tanto e nunca se foi tão infeliz, nunca se viu tanta separação e as relações nunca foram tão efêmeras e superficiais. Muitos centros espíritas estão lotados bem como os templos católicos, protestantes, budistas e outros. Somos uma geração decepcionada com a religiosidade (com o cristianismo em especial?). Sabendo disso o mercado religioso descobriu seu principal produto: um discurso que promete a felicidade apesar de qualquer adversidade interna e externa, chegando muitas vezes ao que Nietzsche chamaria de alienante.
Em todo sonho e em todo desejo, em toda sociedade e em toda cultura, em toda crença e em toda ideologia existe algo de comum: o desejo de ser feliz!
Felicidade é lembrar de um olhar carinhoso, de um sorriso maravilhoso e de um abraço gostoso de quem amamos, e ter a certeza de que qualquer coisa que conquistarmos será pequena diante de tal beleza. Felicidade é amar, em todos os sentidos, do mais puro ao mais carnal amor. E isso, não há religião que traga.
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